Filmografia
Existem filmes que pelas suas características únicas e criativas, marcaram a diferença no mundo da 7ª arte e pelo mesmo motivo, são uma referência no cinema.
O Anjo Azul, de Der Blaue Engel, 1930
Uma cantora de cabaré sensual e perversa enlouquece um severo e despótico professor de literatura, até levá-lo às mais cruéis humilhações. Baseado no romance Professor Unrat, de Heinrich Mann, destaca-se mais pelo perfil psicológico das personagens do que pelo uso do som.
Cidadão Kane, de Orson Welles, 1941
O multimilionário Charles Foster Kane morre na sua mansão, dizendo apenas uma palavra: Rosebud. Com o objectivo de descobrir o significado desta palavra, um repórter vai atrás das pessoas que viveram e trabalharam com Kane. Elas contam histórias (mostradas no filme através de uma série de flash backs) que revelam a personalidade de Kane, mas não são suficientes para revelar o significado da sua última palavra, mistério que só o público descobre no final.
O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante, de Peter Greenaway, 1989
A mulher do ladrão, com a ajuda do cozinheiro, planeia uma vingança terrível contra o seu marido, o ladrão, que matou o seu amante. Cheio de brutalidade e do grotesco, o filme consegue ser, em diferentes momentos, chocante, erótico, violento, nauseante, e finalmente, muito engraçado. Possui humor negro e ironia alternada em cada conversação e monólogo. A história trata da ligação entre dois dos grandes prazeres da vida: a comida e o sexo.
O Encouraçado Potenkin, de Grigori Aleksandrov e Sergei Eisenstein, 1929
O filme retrata um incidente da Revolução de 1905: a tripulação do encouraçado Potenkin revela-se num motim contra a péssima condição de vida e a comida estragada.Este filme é um óptimo exemplo do trabalho pioneiro de Eisenstein na edição. Ele acreditava que uma das grandes propriedades do cinema era mostrar mais do que simples imagens da vida quotidiana. Através da justaposição e da sucessão rítmica de imagens ele criava significações e sentimentos poderosos. A história não possui personagens, mas estereótipos sociais: o marinheiro, o padre, a mãe, o estudante, etc...
Ladrões de bicicleta, de Vitório de Sica, 1948
Na Itália do pós-guerra um operário desempregado consegue um emprego, para tal necessita de uma bicicleta. No seu primeiro dia de trabalho ela é roubada e ele vai pela cidade numa busca angustiante do seu meio de transporte para o trabalho. Um dos clássicos do realismo italiano, uma história de perda e dor. A mensagem no filme é importante, a maneira como o homem pode ser devorado pela sociedade.
M., O Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang, 1931
Baseado na história real de Peter Kürten, um assassino de crianças que, em 1925, semeou o horror na cidade de Düsseldorf, o filme aborda alguns dos temas favoritos do director: os vários rostos do poder para garantir a ordem social, a vingança como meio de destruição, a inadaptação e a angústia do indivíduo numa sociedade nazista. Primeira obra prima do cinema falado pela sua utilização do som como figura da linguagem narrativa. Fio a consagração de Fritz Lang como diretor e passou a ser uma referência do cinema expressionista alemão.
Napoleão, de Abel Gance, 1927
Biografia do militar que, desde a infância, já usava técnicas de batalha em brincadeiras inocentes como guerras de bola de neve. Usando conceitos técnicos revolucionários para a época, Gance descreve, de forma magistral, as primeiras vitórias, a ascensão militar e as campanhas estratégicas de Bonaparte. Levou três anos de filmagens, exigiu locações em seis cidades, 150 cenários, 200 técnicos, quatro mil armas de fogo, seis mil actores extras, oito mil figurinos e teve dois mortos e 42 feridos em cenas perigosas.
O nascimento de uma nação, de D. W. Griffith, 1915
Um escravizador do Sul é ferido numa batalha contra os abolicionistas e, quando volta para casa, encontra o Poder Legislativo de sua cidade dominado por negros. Resolve fundar, então, a Ku Klux Klan. Os críticos da época deploraram a sua atitude reaccionária da luta do povo negro pela liberdade. O racismo expresso no filme provocou grandes protestos de sectores da sociedade da época e Griffith chegou a ser denunciado na justiça.
A sombra de uma dúvida, de Alfred Hitchcock, 1943
Charlie é um assassino de viúvas ricas que, fugindo da polícia, vai para o interior passar algum tempo com a sua família, para alegria da sua sobrinha, que o admira muito. Mas o comportamento estranho do tio e as visitas dos detectives que o investigam, levam a sobrinha a descobrir que ele é um assassino. Assim, além de sua decepção, ela tem que conviver com a dúvida de revelar o terrível segredo à família e lutar pela própria vida.
A viagem do homem à lua, de Georges Mélies, 1902
Obra satírica de ficção científica baseada na obra de Júlio Verne. Alguns homens são escolhidos para fazerem uma viagem à lua num foguete e, chegando lá, têm que se defender dos ataques de seus terríveis habitantes. Na época não haviam recursos para realizar efeitos espectaculares que pudessem convencer o espectador. Apesar disso, as 30 cenas apresentam qualidades de estilo e imaginação.
Joana D'arc, de Carl Dreyer, 1928
O filme retrata um único dia, desde a prisão até o julgamento de Joana D'arc. Possui muitos close-ups e acção austera, com raros desvios das unidades clássicas de tempo e espaço. O rosto de Joana é focalizado sempre erguido para seus acusadores e estes a encaram de cima para baixo. A película é de andamento lento, cheia de silêncios e imobilidade. As legendas quebram o ritmo, mas são necessárias, pois a acção às vezes é muito sutil para se sustentar só no visual. É uma fita introspectiva que se concentra nas fisionomias e na vida interior das personagens, em seus aspectos psicológicos.